
Alguém me disse um dia que um homem tende a viver à altura das expectativas dos seus pais, ou corrigir os erros que eles cometeram. Tenho consciência que faço um pouco das duas coisas.
Mas os sonhos dos meus pais não são os meus.
Apesar de ter crescido dentro dos seus valores e de me terem indicado o melhor caminho, eu é que tive de o percorrer.
Não duvido que são as pessoas que mais gostam de mim, mas por vezes esse gostar não nos deixa crescer. Ainda hoje sou considerado “filho rebelde” por ver o mundo com os meus olhos e acreditar em realidades um pouco distantes. Pois só eu sei o quanto me custou percorrer esse caminho. E essa experiência foi única. Ninguém a viveu intensamente como eu. Ninguém sabe o que senti nem o que pensei.
Assim como eles foram a evolução da geração dos seus pais, eu sou a evolução da geração dos meus.
Nunca o mundo assistiu a tamanha evolução como nestes últimos anos, logo as mentalidades encaram Presentes e Futuros muito diferentes. O meu Presente é o Futuro deles. E eu certamente conjecturo um Futuro que não embute na quimera deles.
Este choque de gerações leva a incansáveis controvérsias, onde a autoridade paternal tem o direito de veto por razões óbvias. Mas nem sempre acompanhada por razões lógicas.
E são essas, as razões lógicas pelas quais lutamos exaustivamente. E emprego este palavrão pois sinto-o muitas vezes. Consciente de tudo isto, sei o que os leva a vetar. E que por vezes esse direito não é usado em nome da razão, nem possui argumentos válidos.
Fruto, - um inevitável sentimento de injustiça do qual não consigo fugir. Por muito que refute tal sentença, o corpo não aceita baixar os braços.
E aqui reside a maturidade, a qual vamos construindo no meio de muitas aprovações e maiores negações. Por vezes, em debate com os próprios aliados, em busca de sabedoria. Calcula-se facilmente que as nossas falhas como filhos só revelam a falha deles como pais. Certamente fizeram o melhor que conseguiram. Tomara fazermos o mesmo; - o dever será fazer melhor.